24 de dezembro de 2008

Ai o nosso rico menino, benzó deus!

Podia armar em snob e tal e diria "ridiculo" com uma pontinha mal-disfarçada de inveja.
Podia armar em intelectual e diria "e um livrinho, não?" enquanto escrevia um artigo de opinião cheio de considerações em que mais ninguem pensou.
Podia puxar ao neo-realismo e diria "ah, com tanta gente a passar fominha e eu que só posso dar meias"
Mas não, o facto de os ministros terem escolhido oferecer pelo Natal um "cheque-prenda" da Fashion Clinic ao Primeiro-Ministro de Portugal deu-me genuina vontade de rir! Mesmo, é genial! ai o nosso rico menino, que bonito que ele é

22 de dezembro de 2008


No deserto,
vi uma criatura nua, brutal,
que de cócoras na terra
tinha o seu próprio coração
nas mãos, e comia…
Disse-lhe: “É bom, amigo?”
“É amargo – respondeu –,
amargo, mas gosto
porque é amargo
e porque é o meu coração.

herberto helder

17 de dezembro de 2008

Crime: Astúcia


Como a coisa não foi violenta, antes caricata e astuciosa, como até a PSP achou que foi, o único dano a declarar é ter menos 60 euros na conta. Dirão vocês, oh deixa lá, mais do que isso rouba-te o banco todos os meses. Sim, é verdade. No entanto, este “furto simples” como o qualifica o nosso Código Penal, é tudo menos simples. Ao ponto de o agente da PSP que me aceitou a queixa dizer em voz alta que a Polícia e a Justiça estão de mãos atadas em casos como este. A culpa, disse ele, é da lei portuguesa, que “dá tantos direitos” aos suspeitos/detidos/arguidos e poucos às vítimas. A coisa passou-se em segundos. No instante em que as notas saíam da caixa multibanco, fui rodeada por duas raparigas que puseram duas pastas pretas à frente dos meus olhos e se piraram no momento seguinte. Registei no cérebro que as folhas por cima das pastas diziam “surdos-mudos”. Lá fugiram, dobraram a esquina comigo atrás delas sem resultados. Atrás daquele ATM um quiosque, a Rua Pascoal de Melo cheia de gente. Depois, na Polícia, depois da queixa, o agente Nica pergunta se eu quero apresentar queixa-crime. Então não quero?! Mas não é crime?! Duh!
Explica-se o chefe Nica: O que se passa é que as moças que me assaltaram foram trazidas para Portugal por “máfias provavelmente de países do Leste, sobretudo da Roménia”. Ganham “uma percentagem mínima” do que roubarem. Não falam português, “são sempre menores de 16 anos muitas vezes menores de 14 anos”, nunca têm documentos, nunca falam e não é porque que sejam surdas-mudas porque não são. Nunca assaltam duas vezes no mesmo sítio, nunca repetem a vítima, nunca são os mesmos a roubar. De acordo com o chefe Nica, quando a investigação chega a algum dos jovens larápios, se são menores, não podem ser identificados pela vítima. Não podem ser detidos. Nunca sabem quem é o “patrão”. Por outro lado, se são apanhadas, quando são soltas “apanham porrada” do patrão. Conclusão do agente Nica: “é impossível chegar às máfias”. Mas, se por uma sorte se chega às máfias, “eles aparecem com advogados de referência nos tribunais” e “ganham tudo, pagam e no outro dia estão cá fora”.
Neste ponto do relato do chefe Nica, já eu estava quase a chorar com pena das miúdas traficadas e de bom grado lhes daria 60 euros sem me queixar. Bastaria que elas próprias, ao invés de se fingirem de surdas-mudas, me contassem esta história da carochinha.
Nisto tudo, o que me revolta mais é isto: a resignação de um jovem agente da PSP, que antes de dar luta já se rendeu. Só a falta de imaginação e de vontade é que pode explicar que um agente da PSP ou qualquer um se refugie em supostos “buracos” na lei portuguesa para baixar os braços. Percebo a perspectiva pragmática da coisa do ponto de vista de um polícia, mas faz-me mesmo confusão que seja tão resignado o discurso de um jovem agente com menos de 30 anos que francamente (e, para ser justa, porque lhe pedi opinião) aconselha as vítimas a calarem a queixa para não se chatearem e porque não vale a pena.
Eu lá pedi desculpa por dar tanto trabalho e por contribuir para o entupimento dos tribunais. É que até o cenário que enquadrou a minha participação era elucidativo: Depois de esperar 40 minutos para ser atendida (apanhei a mudança de turno), reparei num cartaz sobre um curso de polícia: Onde se lia “por nós, muito, entre nós, muito. Pelos outros, tudo”, passou a ler-se, graças à acção expedita da caneta de um insatisfeito agente policial: “por nós, nada, entre nós, nada”. Já estou como o velho Sampas, que gente de lamúria e de braços caídos!

5 de dezembro de 2008

Johnny Cash Hurt

A canção é tão lindaaa e ele canta-a tão bem. Não sabia que a original é dos Nine Inch Nails mas ouvindo uma e outra, a do Cash ganha aos pontos. Gosto da serenidade triste com que ele a canta e que a torna tão sentida tão autêntica.

12 de novembro de 2008

Paulo Bobão, o arrumador anfitrião

Sem querer ofender o arrumador, acho que assenta que nem uma luva o nome que lhe botei, inspirado na Bobone dos manuais de "etiqueta e boas maneiras".
É que estava eu sentada na paragem do autocarro à seca e resolvi espreitar um saco meio aberto de onde vinha um intenso cheiro a castanhas.
"Estaria abandonado? E que será aquilo verde? Uma garrafa? Alguem que se esqueceu? Mas não tem ar disso, está aberto..patati, patata", assim vaguearam os meus pensamentos enquanto esperava pelo 6. No minuto a seguir, aparece-me de rompante este arrumador, que se apresenta:

- Minha senhora, sou o arrumador desta rua, esteja à sua vontade, disse o homem barbudo, cruzando os braços e olhando pra mim, como se estivesse à espera de alguma coisa.
- ?! (cara de espanto)
- São castanhas cozidas, estão muito boas, faz favor de se servir.
- Obrigada, mas eu...(mais espanto e algum, confesso, constrangimento)
- Não faça cerimónia, por amor de deus. Fui buscá-las há pouco e estão ainda quentes. Eu reparei que a senhora lhes sentiu o cheiro. (Aqui, corei de vergonha)
- A senhora com toda a certeza é nova nesta zona, porque é a primeira vez que tenho a honra de a ver. Eu sou o arrumador desta rua, e guardo aqui o meu comer.
(Nisto faz um pequeno e delicado gesto e aponta para o tecto da paragem. Realmente, cabeça no ar que eu sou, não tinha visto o cartaz cuja mensagem, literal, dizia: "Não mexer. Comer do arrumador".

Perante aquela evidência, eu era intrusa em casa alheia e pedi mil desculpas e disse "não reparei, realmente moro aqui há pouco tempo, não sabia" e já me levantava quando:
- Não, não se vá embora por minha causa! Era o que faltava, não se assuste comigo, eu sou só o arrumador desta rua. Por favor, sirva-se das castanhas e fique o tempo que quiser. Olhe, eu tenho que ir arrumar carros e vim aqui só para beber uma pinguinha, mas fique à sua vontade". Tirou a garrafa do saco, e com mais uns salamaleques, o arrumador voltou ao serviço.
Eu ainda estava meio atarantada, porque aquilo me pareceu tudo muito doido, mas continuei à espera do autocarro. Entretanto achei estranho ninguem ir para a paragem e resolvi inspeccionar.
Resultado, trata-se uma paragem antiga, desactivada. Quem lhe dá uso é só mesmo o arrumador da Rua Pascoal de Melo, que ali guarda o seu comer (vide cartaz) durante o dia.
Ora, depois de saber isto, já não posso estranhar a atitude do Paulo Bobão, o arrumador anfitrião.
Quando alguém vai a minha casa, eu também digo para estarem à vontade, para ficarem o tempo que quiserem e para se servirem sem cerimónias!

10 de outubro de 2008

O BE tá deprê



O cartaz político mais deprimente dos últimos tempos. É quase um apelo ao suicídio. É que depois de “menos emprego, menos salário” e “menos vida”, só falta concluir que “mais vale morrer”…deprê.

6 de outubro de 2008

Tão giros!!!

Pino e Lino


Agustino e Julino


Godofredo

10 de agosto de 2008

Eles lá saberão do que falam

Os chineses não páram de surpreender!

Ontem parece que deslumbraram o planeta e arredores com os fogaréus, funfuns e tlinsplins lá em Pequim. Hoje, esta enigmática frase num restaurante ali para o Estoril:



E o que é que se passa com aquele endereço de e-mail?! www.808707.com ?!?

24 de junho de 2008

If Looks Could Kill

Camera Obscura - If Looks Could Kill

14 de junho de 2008

Gabriella Cilmi 'Sweet About Me'

Pra cantar e dançar de manhã no volume máximo! A voz faz lembrar a Amy mas esta ainda bebe água e deita-se cedo. Também...16 aninhos!

8 de junho de 2008

4 de junho de 2008

serviço público

aos que gastaram 53 euros para ver a amy winehouse e aos que gastaram 60 euros para ver a madonna em setembro - basicamente o preço de um depósito quase atestado - aqui vai uma pérola de serviço público.

onde vou abastecer?

3 de junho de 2008

Um recanto numa aldeia no fim do mundo



Na aldeia do Piódão, pormenor com grande composição natural...

21 de maio de 2008

a tradição mantém-se por cá.
todos já suspeitavam/sabiam que ela vai voltar a portugal - 28 de setembro, lisboa - mas, até ver, ninguém confirma.
à promotora não dá muito jeito que se saiba já, porque há outros carnavais (rir) para promover, mas uma notícia sobre a sexy-bitch-mother-fucker-pré-cinquentona abafa qualquer um.
ei-la entre livros, que o gajedo desta colheita de 1970 e picos é culto e inteligente.

20 de maio de 2008

Uma mercearia típica de Lisboa

Já todos sabem que tenho um fraquinho por aquelas mercearias antigas escondidas num numa rua qualquer de Lisboa. Do chão de pedra ao balcão de madeira escurecida passando pelo relógio por cima da balança de pesos, tudo se conjuga para forrar as histórias que de lá nascem. A mercearia que tem sido alvo dos meus enlevados protestos é a da Gomes Freire, também já se sabe. Recentemente passou por uma “make over” cosmética que garantiu mais higiene sem afectar a sua beleza alfacinha. Mas afinal, percebi há dias, o “very tipical” não tem que se esgotar nos caprichos da merceeira nascida nas beiras especialista em tudo o que tenha a ver com frutaria e hortícolas. Numa rua mais abaixo, a Luciano Cordeiro, apareceu uma mercearia/drogaria cujos donos já aprenderam quatro palavras em português: “sim”, “obrigada”, “doces” e “frescos”. É o que chega. É um casal jovem que atende ao balcão. Os dois de pele morena e cabelos escuros, ela, mal-encarada apesar dos seus esvoaçantes vestidos indianos, ele com um permanente sorriso e esforçando-se por aprender mais uma palavra: “manga, si ah?”. Da primeira vez que fui lá ver fiquei mal impressionada. Sim, era tudo a metade do preço da mercearia da Gomes Freire mas não tinha nem metade da qualidade. Tudo velho, das verduras à fruta, incluindo algumas laranjas podres. Peguei numa e mostrei-lhe:
- Olhe pra isto, está tudo podre! Ele só disse “si” mas percebeu a ideia e foi buscar uma caixa nova mas levantou o cartão e afinal…mais laranjas podres. Ele não falava português mas deu-me razão: “naao bom”. Mas na semana passada, quinze dias depois, passei lá vinda do trabalho, já oito da noite, e a porta estava aberta. E o homem ficou visivelmente contente. Saiu do balcão e foi direito à caixa das laranjas: “ah hoje larajas, si? Mouto frescas ah?” A memória do homem impressionou-me, eu seria incapaz.
Trouxe a experimentar e sim, “mouto doces”. Aos poucos, o casal está a aprender os gostos da gente do bairro do Conde Redondo e arredores, de todo o tipo, desde a couve portuguesa à mandioca, laranjas e pêra abacate. Porque, à excepção de uns frascos de picante feitos em casa e que eu não me atrevo a provar, a mercearia não tem nada indiano a ser os donos. Claro que o chão podia ser lavado mais vezes. Para o casal, não há aparentemente nada de mal em ter um pombo a voar pela loja adentro ou a picar as folhas velhas espalhadas pelo chão. Mas reparo que a arrumação também está a melhorar. E eu penso que não pode haver mais “very tipical” que esta mercearia, símbolo da Lisboa de sempre, a do encontro de todas as culturas.

7 de maio de 2008

6 de maio de 2008

comprar jornais

durante a semana compro o jn para fazer o serviço de jantar que tanta falta me faz lá em casa.
ainda por cima tem a marca imprescindível do museu chillida-leku. quem? exacto.
ao fim-de-semana não perco o 24 horas para completar o faqueiro chique que combinará maravilhosamente com o chillidazinho.
ler notícias? por favor.

16 de abril de 2008

13 de abril de 2008

deolinda para vós

Eu tenho um melro que é um achado
De dia dorme, à noite come e canta o fado.
E lá no prédio ouvem cantar
Já desconfiam que eu escondo alguém para não mostrar.

Eu tenho um melro lá no meu quarto
Não anda à solta, porque se ele voa cai sobre os cactos.
Cortei-lhe as asas para não voar
Ele faz das penas lindos poemas para me embalar.

Eu tenho um melro que é um prodígio
Não faz a barba, não faz a cama, descuida o ninho.
Mas canta o fado como ninguém
Até me gabo que tenho um melro que ninguém tem.

Eu tenho um melro
(que é um homem)
Não é um homem
(quem há-de ser)
É das canoras, aves aquela que mais me quer.

(deve ser homem)
Ah pois que não
(então mulher)
Há-de lá ser
é só um melro com quem dá gosto adormecer.

melro, melro
e nesse caso se alguém te agarrar
diz que não andas sozinho e és esperado noutro lado.

Melro, melrinho e se por acaso alguém te prender
Não cantes mais um fadinho, não me queiras ver sofrer.
E não voltes mais,
que estas janelas não as abro nunca mais.

E não voltes mais
Que a tua gaiola serve a outros animais.


está no posto de escuta por estes dias.
daqui a uns tempos é ver a malta a cantar esta do melrinho e a outra do "toda a gente fon fon fon, a tuba é que me dá ritmo".

8 de abril de 2008

Vamos provar?


Esta por pouco passava-me ao lado.
O Syrah 2005 da Casa Ermelinda Freitas, de Palmela, foi eleito o melhor vinho tinto do mundo de 2008 entre 3 mil vinhos numa prova cega realizada em Paris, a Vinalies Internationales 2008.

4 de abril de 2008

Que Deus a perdoe, à ti Arminda



Não sei o que me chama nas velhas, talvez a sua capacidade de surpreender a minha ignorância da vida. Só as velhas têm aquelas certezas todas e alguma razão para as ter. Podem ser amargas, matreiras, sábias, mansas, feras, loucas ou sãs, mas são sempre alguma coisa definitiva. As boas. Eu gosto de tentar imaginar o que as levou ali, àquele sítio tão definitivo da vida. Hoje lembrei-me da “ti” Arminda, acho que era Arminda, vizinha do meu avô nos entremeados de quintas, descampados e estradas novas por entre as casas velhas nos subúrbios quase aldeia da cidade. Sempre a vi vestida de preto, com lenço na cabeça e tudo, e por isso sabia que era viúva. Parava na janela da minha Paty, que evitava com a sua graça as maledicências da mais fervorosa das beatas. Morena, baixinha, redondinha, uma bolinha embrulhada em pano preto com uma boca pequenina de onde ouvi sair muitos “améns” e “deus me perdoe”. Aquela mulher seria a encarnação da santidade aos seus próprios olhos. Nunca faltava aos deveres de católica e levantava-se de madrugada para limpar a igreja e as imagens todas antes da missa das seis. Eu, uma impressionável miúda de 13 anos, tinha-lhe um certo temor quando a ouvia pregar moralidades à janela da minha Paty. Criticava as outras viúvas da rua por serem “gaiteiras”. A minha Paty explicou-me que a ti Arminda era de uma aldeia onde antigamente as viúvas vestiam de preto para toda a vida, e durante os primeiros dois ou três anos não podiam sair de casa, nem para estar com a família, nem sequer abrir as janelas, nem para estender a roupa. Se o fizessem “pareceria mal” e seria considerado uma “falta de respeito” ao marido. Lembro-me quando ela passou de “beata maligna” a “velha maluca” aos meus olhos. Era o “dia dos mortos”, 01 de Novembro, e ela ia ao cemitério. Bateu à janela para uns dedos de conversa com a minha Paty antes do autocarro chegar. Ia ter com três ou quatro viúvas amigas para cumprir mais uma obrigação: limpar a campa e pôr flores. Não que a do defunto dela precisasse, dizia, mão no peito, porque, em primeiro lugar, os restos mortais do marido falecido há trinta anos já não estavam numa campa, estavam depositados numa caixa num dos gavetões do cemitério. Em segundo lugar, porque o gavetão seria com certeza o mais limpo de todos. O bairro inteiro sabia-o, a ti Arminda ia ao cemitério todos os 365 dias do ano. O que eu não sabia, e o que me chocou profundamente, foi perceber que a ti Arminda tinha levado a outro nível as suas “obrigações” para com o marido e para com o que entendia serem os mandamento da Igreja. Abriu o saco de plástico que levava pendurado no braço e mostrou os objectos que eram a causa da sua cara de …sim, de enterro: Uma escova grande e outra mais pequena, muito gastas, uma garrafa de lixívia e panos.
- “Tem que ser”, disse, no seu rosto de sofrimento feliz, essa expressão facial doentia que alguns católicos antigos ostentam.
E depois, com um orgulho fanático nos olhinhos pretos e pequeninos:
- “É só uma vez por ano Dona M., mas sou a única. Tem que ser. Era o que faltava que não lavasse os ossinhos do meu santo Aníbal que Deus o tenha, coitadinho”.

1 de abril de 2008

Gargalhaditas irresistíveis

Coisa mai linda! Ficou em primeiro lugar na categoria ... "Adorabe" nos mais votados do youtube em 2007.

27 de março de 2008

Human Tetris

The Original Human TETRIS Performance by Guillaume Reymond foi o mais votado para o prémio criatividade nos prémios do youtube-2007

17 de março de 2008

Eu vi um sapo, com um guardanapo...

Não sei nada da história do Mário a não ser o que nos contou a D. Lurdes, da mercearia da Gomes Freire. Já o tinha visto andando desacertado em várias ruas da zona, a várias horas do dia e a da noite. Sei que a bebedeira é um estado habitual do Mário, um alcoólico que se confunde com um sem-abrigo. Vi-o a rir à maluca frente ao carro que o ia atropelando e vi como gritava e ria no meio da estrada no Conde Redondo com um pacote de vinho na mão. Sei que ele fala a gritar com quem passa no passeio onde estiver. Uma vez ouvi-o gritar umas coisas em inglês a umas estrangeiras que iam a passar e lembro-me de ter pensado que ele tinha muita graça. Mas o Mário não é um sem-abrigo. A acreditar na história que nos contou a D. Lurdes, o rapaz chegou a ser um matemático brilhante. Era professor no Liceu Camões, bem perto da casa onde mora, na Duque de Loulé. A D. Lurdes contou-nos isto e mais algumas coisas no sábado passado. Era meio-dia e a rua estava finalmente calma depois da azáfama da manhã. Poucos carros, pouca gente, o quiosque às moscas, as lojas a fechar. Eu estava à entrada da mercearia, e o Mário encostado à parede uns dez metros mais adiante. Fora da loja, uma senhora baixou-se para escolher umas tangerinas do caixote da fruta rente ao chão. E o Mário acompanhou-lhe o movimento com a cabeça, espreitando, divertido, o decote da senhora.
Já dentro da loja, a senhora, eu e mais uma rapariga esperávamos a nossa vez quando da rua pacífica vieram uns gritos surpreendentes: O Mário cantava o “Eu vi um sapo” mas com uma letra adaptada:
- “EU VI-TE AS MAMAS, EU VI-TE AS MAMAS, EU VI-TE AS MAMAS, EU VI-TE AS MAMAS!, taratari, taratari, tiri, tiri..”
Imaginem isto cantado com a música do “Eu vi um sapo” que agora faz PUB à Internet. Claro, rimos à gargalhada e eu reparei que a senhora corou um pouco, afinal também percebeu o movimento atrevido do Mário junto aos caixotes da fruta.
Olhámos lá para fora, menos a D. Lurdes, que mordia o lábio para não se rir, e lá estava ele, completamente feliz a cantar e a dançar no passeio. Parava um pouco para se rir à gargalhada e voltava ao mesmo. A D. Lurdes, afinal vizinha de longa data do homem, e amiga dos pais, sentiu-se na necessidade de justificar a loucura do rapaz e fez o diagnóstico: “Uma mente brilhante que um dia terá tido um esgotamento nervoso que não foi bem acompanhado e deu nisto”. Parece que ele começou aos poucos a deixar de se interessar pelo trabalho, pelos alunos, e acabou por se apaixonar pelo vinho e a abandonar a higiene por completo. Às vezes o irmão vem ter com ele e leva-o para casa, dá-lhe banho, corta-lhe o cabelo e veste-lhe roupa lavada. Mas o mais estranho do caso do Mário, interroga-se a D. Lurdes, é que quando um antigo colega, também matemático de renome, o vem procurar, súbitas mudanças acontecem.
- “Chegam a ter grandes conversas, o Mário e colega. Quando o amigo vem, ele muda por completo, endireita-se todo e fala normalmente com ele, como se não tivesse bebido, sobre as coisas no Liceu, sobre o mundo e discutem sobre as coisas deles como se o rapaz nunca estivesse estado neste estado”, admira-se a D. Lurdes com um certo respeito no tom de voz…
Olhámos lá para fora e vimos o homem tão descontraído na sua cantiga a apanhar sol a dançar pelo passeio que concluímos que talvez o Mário não se tenha perdido mas, ao contrário, achado, a certa altura da vida.

14 de março de 2008

camaleão




das mil imagens que esta mulher já teve, a mais recente vai ser esta.
prestes a chegar aos cinquenta, deu-lhe para parecer que tem 25. dos tempos da virgem.


13 de março de 2008



augusto brázio é dos melhores e esta foto quase dá vontade de chorar.
tudo indica que a rapariga teve a criança dentro de uma ambulância.
a exposição abre dia 19 na kgaleria.

12 de março de 2008

Great Expectations


Não sei como é que foi com Vossas Excelências, mas, no meu caso, o Dia da Mulher foi este ano completamente esquecido no agregado familiar, que inclui, para além da minha pessoa, uma cara-metade bem apessoada e um gato com mau-feitio.
Depois de passar a maior parte da tarde na esplanada a apanhar uns farripos de sol na moleirinha e a ler os jornais, decidimos que não era possível adiar por mais tempo o momento fatal e voltámos a casa para aspirar e limpar o pó.
No caminho reparei num casal de reformados que ostentavam uma tal cara de enfado que eu pensei imediatamente, coitados, “devem de ir para casa aspirar e limpar o pó”.
Mas depois reparei que da mala de mão da senhora saía uma rosa murcha e pensei, sim, “se o meu gajo me oferecesse uma rosa rançosa como aquela…”.
E lembrei-me: espera! Hoje é o Dia da Mulher! Olhei de repente para o gajo a ver se ele tinha acompanhado o meu raciocínio em pensamento e rapidamente concluí que se ele se tinha lembrado do MEU dia, disfarçava muito bem.
Mas a esperança é a última a morrer. E foi com este estado de espírito que recebi aquilo que pensava ser uma “desculpa esfarrapada” do meu gajo quando me disse “vai andando, que eu vou ali abaixo comprar um vinho”.
Foi a certeza de que ia buscar o MEU presente. Nem perguntei mais nada. Fiquei toda sorridente, agarrei-o toma lá beijo e “não demores” e tal com uma tal efusão que ele ficou entre a desconfiança e o que me pareceu ser uma certa expectativa.
Lá fui para casa, aspirei a sala em três minutos, passei o pano pelos móveis ao de leve para não estragar, e fui ver o que se arranjava para um improvisado jantarinho especial.
Depois de muito pensar, decidi-me por um vestido castanho com brilhantes que tinha comprado nos saldos e que ainda não tinha usado por o decote infringir todas as regras de trânsito.
Vai daí, ele abre a porta e eu apareço-lhe naqueles preparos tentando não cair dos meus únicos sapatos stiletto (já têm 10 anos mas não se estragam porque nunca os uso mais que duas horas seguidas).
Mas, em vez das flores, o meu gajo trazia o quê?! Sim, isso mesmo, uma garrafa de vinho...

11 de março de 2008

19 julho, lisboa


para a tinta roriz.
rectificação:
para a tinta roriz e para a trincadeira, as castas mais apaladadas da vinha portuguesa.

lovebirds



o filme não é nada de especial.
mas vale a pena só pelas cenas e pelos diálogos de fernando lopes e rogério samora. imperdível.
o filme de bruno de almeida estreia quinta-feira.

8 de março de 2008

Viva emoções num ATM perto de si

Ok, precisamos dos bancos, não há nada a fazer. Mas era preciso serem sádicos? Qualquer coisa me dizia para tirar o saldo no multibanco. Digamos as piores expectativas se confirmaram. O saldo estava tão em baixo que tive praticamente um ataque. (What the fuck?!) mas ainda é dia sete!!! Levei a mão ao peito para me acalmar, e fiquei tão atarantada que cambaleei um pouco. (Holly shit!). Mais calma, voltei a ler o papelito na vã esperança de ter visto mal e reparei na PUB sádica: "Seja cliente, viva emoções". É, não é? (the bastards!). A Caixa promete, cumpre e ainda nos presenteia com ironias finas.

6 de março de 2008

...como as coisas que vivem

Imagino que os super-hiper-mega-mercados dariam histórias bem mais emocionantes. Cada corredor seu segredo, cada repositora de patins uma aventura. Mas a mim calha-me melhor a mercearia da Rua Gomes Freire, perdoem a insistência. Já lhe achei mais piada, antes do balcão modernaço e das nabiças embrulhadas em celofane como se fossem rosas senhor. Há reveses na vida que temos que superar, não é verdade? O “progresso” é um deles. Deixei de lá ir por quinze dias em protesto por os meus espinafres já não virem com terra, mas ultrapassei a coisa. Comi uns chocolates para arribar e ganhei coragem. Fui lá hoje e quem é que lá estava? Nada mais nada menos que A Velha. A desaparecida senhora, a mãe da D. Lurdes. A verdadeira dona da casa. A genuína merceeira. Foi com profunda alegria que a vi ali sentada, sufocando por completo o banquinho baixo de madeira. Entrei, como sempre, às pressas, fazendo o meu teatro de dona de casa atarefada que não sou capaz de ser. E estaquei ali mesmo, frente aos seus feios olhos grandes observando a vida através de mim. Não sei como se chama, acho que prefiro não saber. Será “A Velha”. Foi ela que me deu as más-vindas à maneira desconfiada de merceeira quando, mesmo à hora de fechar, lá entrei pela primeira vez. Ia desertinha de comprar o que era preciso para fazer uma sopa que me fizesse sentir em casa na primeira noite de independência. Qual seria o cheiro da minha sopa? Qual seria o cheiro da minha casa? Foi aí que começou o namoro com aquele cochicho com fruta da época em caixas à porta, uma mercearia como outra qualquer em qualquer outra rua de Lisboa. A Velha mirava-me o jeito, atrapalhava-me os gestos disparando silêncios descarados à insolência das minhas perguntas: “Não tem courgetes?” “Queria uma couve coração, só tem lombardo?” “Estas cenouras parecem velhas!”
- É tudo bom, disse-me, voz de trovão prensado, garras travadas no balcão, peito insuflado por um orgulho eficaz que nunca hei-de compreender. Meti a couve lombardo, as cenouras e a viola no saco, paguei e saí, sem mais prosápias.
Uma vez, pouco tempo depois, medimos forças numa disputa em que o que estava em jogo era apenas o mau feitio de cada uma. Queixei-me das maçãs, que não sabiam a nada. E ela mandou-me comprar maçãs ao supermercado se não gostasse das dela.
O ambiente na loja azedou, as clientes fizeram silêncio e recuaram uns passos, mostrando de que lado estavam e não era do meu. Mas eu estava com falta de paciência e quase contente na minha insolência.
- Ouça lá, se eu quisesse maçãs que não sabem a nada, é que não vinha cá, ia ao supermercado, não acha?, atirei, ignorando a boa educação.
Sem perceber, tinha feito pontaria ao orgulho da Velha merceeira.
- No sábado tenho Bravo Esmolfe, gritou-me, tão comprometida como irritada, já eu na rua. Ganhei o duelo e arrependi-me logo a seguir da parvoíce.
Entretanto, A Velha ganhou um indiferente e pouco convincente respeito pela minha pessoazinha. Cumpre o que julga ser seu dever e informa-me, tal como a qualquer outra cliente regular, se as laranjas não forem assim tão doces.
Mas não se esforça. Já passou “a pasta” à filha, à D. Lurdes, que é quem faz agora as “honras da casa”. Aparece raramente dos fundos da loja com o mesmo casaco de malha mas atende como se fizesse um favor a quem lá vai.
Ganhou a impaciência que se cola aos feitios introvertidos e avessos a intimidades, ao fim de muitos anos a aturar gente por obrigação. É a D. Lurdes, a filha, de olhos igualmente feios, que apazigua a irritabilidade da mulher que engrossou e endureceu com a idade como as coisas vivas.
Quando não pode deixar de se irritar quando vê alguma cliente a escolher os morangos com as mãos, quando vê mais uma unhada numa manga do Brasil, ou quando vê alguém deitar fora as folhas ainda boas de uma alface antes de a pôr no saco, é a D. Lurdes que lhe diz, numa língua que só elas conhecem, qualquer coisa que a faz suspirar e obrigar-se ao silêncio.
Há luxos a que se pode dar, a D. Lurdes, que ainda corre por inteiro nesta vida e tem uma filha no secundário que a faz sentir nova apesar dos seus 50 anos.
Graças à Velha e ao pai, a D. Lurdes pode deitar fora o pão que secou e que já ninguém vai comprar. A Velha não pôde livrar-se da poupança obsessiva herdada dos tempos em que conheceu a fome, quando veio para Lisboa e andava “ao papelão”.
Estas histórias nem a neta, “a menina”, as conhecerá. É só ela que consegue amaciar os músculos faciais da Velha, quando entra de sorriso aberto na loja, vinda da escola, a cheirar ainda a leite com chocolate e a perfume infantil.
Foi pela neta que perguntei na altura de pagar, hoje. (A insolência ainda cá está, mas há mais espaço para coisas que fazem menos mal à saúde). Ela encolheu o olhar, antes esticado até à parede da frente, e pespegou-o no meu durante eternos segundos num frente-a-frente inesperado.
A Velha tinha aceite ceder por um instante, deixando-me aquecê-la com a lembrança da neta. O “obrigada” que me dirigiu naquele olhar elevou-me à categoria de sua igual, como se eu pudesse, já hoje e não daqui a muitos anos, compreender as mulheres que engrossaram e endureceram com a idade como as coisas que vivem.


29 de fevereiro de 2008

21 de fevereiro de 2008

Cada um tem o terceiro-mundismo que (não) merece

Há cerca de ano e meio, Hugo Chávez usou uma imagem de Sócrates num cartaz da sua campanha eleitoral para mostrar que a Venezuela era tu cá tu lá com a Europa moderna.
O primeiro-ministro português não gostou e o cartaz foi retirado.




Ontem, José Sócrates citou o candidato “xuxu” dos democratas norte-americanos, Barack Obama.
“Sim, nós podemos” foi o slogan citado, num discurso que já cheira a campanha eleitoral.

obamania

aposto um jantar em como a equipa de campanha do sócrates vai tentar fazer nas próximas eleições um clip promocional como o will.i.am fez para o obama.
ontem, sócrates já se aproveitou do "yes we can" do obama num discurso em lisboa.

mesmo sendo propaganda, o que will.i.am fez é fabuloso e de um bom gosto extraordinário, muito próximo de um teledisco, com obama transformado em artista pop.
que sirva de exemplo para os políticos portugueses, para fazer esesquecer aquela patetice do menino guerreiro.

20 de fevereiro de 2008

Eu é mais Obama, e vocês?

É impossível ficar indiferente às primárias nos States, que provam que as eleições podem ser emocionantes. Neste link podem descobrir quem é o "vosso" candidato. Também quero um quiz destes em português nas próximas eleições. Ajudaria muitos indecisos a decidir. Custa muito?!

17 de fevereiro de 2008

Atentado urbanístico ao nível do comércio tradicional*


A minha mercearia aburguesou-se. A D. Lurdes decidiu fazer umas obras de “melhoramento”. Substituiu o balcão de madeira escura e pedra mármore por um de plástico e alumínios. Comprou uns cestos de plástico cinzento e vermelho tipo “mini-mercado”. Substituiu os baldes cheios de água fria onde refrescavam as hortaliças por um frigorífico! Os molhos de espinafres e de nabiças vêm agora embalados em sacos de plástico e têm sempre aquele aspecto fresquinho independentemente da hora do dia. Não há folhas que murchem naquele super-frigorífico…
Quem murchou fui eu. Eu devia ter adivinhado. As mudanças foram aos poucos. Primeiro foi o presunto. Ainda aqui há uns meses, o presunto era cortado na hora, como nós quiséssemos, às fatias, inteiro, grande ou pequeno. Agora quem quer presunto leva do embalado. Antes havia só uma marca de queijo (daquele para fatiar), o preferido pela maioria das clientes, e o fiambre era sempre do mesmo, do “melhor”. Com o balcão novo vieram aquelas variedades todas embaladas e já fatiadas.
Aquilo é plástico e alumínio e variedade a mais para os meus delicados olhos. Qualquer dia tanto faz ir ali como a um super-mercado confuso qualquer. Aquelas mudanças fizeram confusão e não foi só a mim. Já ouvi uma ou duas clientes a olhar com ar de dúvida para aqueles super molhos de nabiças e espinafres empertigados nos seus celofanes transparentes.
Primeiro foi uma das “habituées” da terceira idade.
- Ó Lurdes, isto presta para alguma coisa?
- Então não vê que sim, fresquinhos!
- Hum…
Claro, a velhota rendeu-se à evidência.
De outra vez foi uma empregada de alguém que tinha voltado à loja para devolver os espinafres.
- A minha patroa quer dos normais, não quer estes no plástico.
Pouco surpreendida e depois de um suspiro, a D. Lurdes pegou no telemóvel (vejam bem!) e ligou um número.
- Tou sim? É a Lurdes aqui da mercearia. Ò Drª, então a sua rapariga diz que não gostou do que eu lhe mandei?!
-… (não consegui ouvir, apesar de ter tentado)
- Mas agora vem tudo assim. E são frescos, então não viu?
- …
- Agora não tem terra porque são lavados antes de lhes porem o plástico. Prefere-os com terra?
- …
- É do que eu gasto na minha casa, e são de confiança, pode ficar descansada. Agora só tenho assim Drªa, mas experimente e depois diga-me.

Apesar de tudo, continua a haver razões para lá ir. Sobretudo a fruta, é sempre muito óptima como diria uma amiga minha. Os queijinhos frescos, o requeijão, as morcelas de arroz, as hortaliças…enfim, são boas, e as azeitonas que sabem a azeitonas.
Quando ela substituir o balde das azeitonas verdadeiras por aqueles frascos com bolas pretas gigantes que não sabem a nada, juro que nunca mais lá ponho os pés.


*Infelizmente esta expressão genial não é minha. Ouvi-a uma vez numas férias num restaurante algarvio. O homem estava à espera para almoçar há duas horas e lá desabafou bem alto que era inadmissível e que "isto é o caos urbanístico ao nível da restauração". Eu adaptei.

8 de fevereiro de 2008


não terão o mesmo fulgor de há trinta anos, mas não deixa de ser um acontecimento.
só falta leonard cohen.

Paul McCartney - We All Stand Together

A pedido da Rita

7 de fevereiro de 2008

dead combo

dois dos gajos mais coool da música portuguesa estão a preparar um novo álbum.
enquanto ele não me chega aos ouvidos, vou ali enfrascar os álbuns anteriores e já venho.


31 de janeiro de 2008

25 de janeiro de 2008

pérolas de 1908



Estaes doente? tendes flatos? as vossas digestões são trabalhosas?
o vigorisador eléctrico curar-vos-ha como tem feito a tantos outros.
Dr. M A McLauglin, Rua Augusta, 1188, das 09 às 07 da noite.
o século, 1908.


meio infallível das galinhas porem os ovos durante todo o ano sem interrupções mediante o emprego dos PÓS OVIFICADORES!
Mr. Fanfillon.
o século, 1908.

24 de janeiro de 2008

we are very stylish girls

imagem do início do século XX retirada do flickr, onde o congresso norte-americano acaba de disponibilizar parte dos seus arquivos.

quem disse isto?

Na poesia é que está a verdade.
As palavras gastas pelo quotidiano têm o seu sentido aprisionado.
Só o poeta pode libertá-las.
A sua poesia fala de liberdade mas ele também, ao longo da sua vida, libertou a língua dessa prisão do quotidiano.

23 de janeiro de 2008

Um resumo da óperas Turandot e Carmen

está tudo aqui:

http://videos.sapo.pt/Nh6orAGfGR1Vppz1tUIv

clube dos 27 e dos 28

mais um para o clube dos que morrem aos 27 e 28 anos, onde já estão jimi hendrix, kurt cobain, jim morrison e janis joplin.

22 de janeiro de 2008

notícias de portugal em 1908

"Das pedras salgadas a chaves é perigoso fazer a viagem na mala-posta.
Como os leitores d´O Século terão visto, é raro o dia em que não haja reclamações acerca do mau estado das estradas em todo o paiz, na maioria completamente intransitaveis, sem haver quem se occupe da sua conservação ou reparação.
Sulcos profundos abertos pelas rodas dos carros, eis o que na maior parte das estradas se vê".
o século, fevereiro de 1908.

"Na rua do arsenal um "rufia" aggride à navalhada uma mulher que não lhe aceitava a côrte".
o século, fevereiro de 1908.

17 de janeiro de 2008

juro, pelo fado, pelo baile e pelo kuduro, que este país ainda tem futuro.


está para sair um álbum ao vivo do sérgio godinho, que soa como novo, apesar de todas as músicas já terem sido gravadas antes.

11 de janeiro de 2008

Book of Longing

Now you'll go your way
I'll go your way too

L.Cohen

7 de janeiro de 2008

descubra as diferenças

um resumo de uma novela e o lead de uma notícia do 24 horas. ou vice-versa.

"Natalino Correia diz que a namorada de Mauro Santos foi à discoteca onde ele trabalha para o provocar. Ana Filipa afirma que Natalino - que acusa Mauro de ter morto o irmão Ilídio - a espancou e apresentou queixa à polícia do Porto".

"Jaime tenta convencer Raul que foi Óscar que planeou a sua morte. O indiano não acredita e diz-lhe que um dia vão acertar contas. Raul encontra Andrade. O amigo de Óscar diz que o que aconteceu na Índia foi uma fatalidade do destino e que o pai de Raul não teve culpa".