13 de abril de 2008

deolinda para vós

Eu tenho um melro que é um achado
De dia dorme, à noite come e canta o fado.
E lá no prédio ouvem cantar
Já desconfiam que eu escondo alguém para não mostrar.

Eu tenho um melro lá no meu quarto
Não anda à solta, porque se ele voa cai sobre os cactos.
Cortei-lhe as asas para não voar
Ele faz das penas lindos poemas para me embalar.

Eu tenho um melro que é um prodígio
Não faz a barba, não faz a cama, descuida o ninho.
Mas canta o fado como ninguém
Até me gabo que tenho um melro que ninguém tem.

Eu tenho um melro
(que é um homem)
Não é um homem
(quem há-de ser)
É das canoras, aves aquela que mais me quer.

(deve ser homem)
Ah pois que não
(então mulher)
Há-de lá ser
é só um melro com quem dá gosto adormecer.

melro, melro
e nesse caso se alguém te agarrar
diz que não andas sozinho e és esperado noutro lado.

Melro, melrinho e se por acaso alguém te prender
Não cantes mais um fadinho, não me queiras ver sofrer.
E não voltes mais,
que estas janelas não as abro nunca mais.

E não voltes mais
Que a tua gaiola serve a outros animais.


está no posto de escuta por estes dias.
daqui a uns tempos é ver a malta a cantar esta do melrinho e a outra do "toda a gente fon fon fon, a tuba é que me dá ritmo".

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá! Gostei de achar o texto desta música. Muito obrigado.

Mas o outro dia, no space de Deolinda achei o texto, digamos, oficial da música. Só há um par de erros de ouvido. Ponho-os aqui:

1. "Não anda à solta, porque se ele voa cai sobre os cactos." é em realidade "sobre os gatos".

2. "diz que não andas sozinho e és esperado noutro lado." é "noutro lar".

Saúde,
s.