12 de março de 2008

Great Expectations


Não sei como é que foi com Vossas Excelências, mas, no meu caso, o Dia da Mulher foi este ano completamente esquecido no agregado familiar, que inclui, para além da minha pessoa, uma cara-metade bem apessoada e um gato com mau-feitio.
Depois de passar a maior parte da tarde na esplanada a apanhar uns farripos de sol na moleirinha e a ler os jornais, decidimos que não era possível adiar por mais tempo o momento fatal e voltámos a casa para aspirar e limpar o pó.
No caminho reparei num casal de reformados que ostentavam uma tal cara de enfado que eu pensei imediatamente, coitados, “devem de ir para casa aspirar e limpar o pó”.
Mas depois reparei que da mala de mão da senhora saía uma rosa murcha e pensei, sim, “se o meu gajo me oferecesse uma rosa rançosa como aquela…”.
E lembrei-me: espera! Hoje é o Dia da Mulher! Olhei de repente para o gajo a ver se ele tinha acompanhado o meu raciocínio em pensamento e rapidamente concluí que se ele se tinha lembrado do MEU dia, disfarçava muito bem.
Mas a esperança é a última a morrer. E foi com este estado de espírito que recebi aquilo que pensava ser uma “desculpa esfarrapada” do meu gajo quando me disse “vai andando, que eu vou ali abaixo comprar um vinho”.
Foi a certeza de que ia buscar o MEU presente. Nem perguntei mais nada. Fiquei toda sorridente, agarrei-o toma lá beijo e “não demores” e tal com uma tal efusão que ele ficou entre a desconfiança e o que me pareceu ser uma certa expectativa.
Lá fui para casa, aspirei a sala em três minutos, passei o pano pelos móveis ao de leve para não estragar, e fui ver o que se arranjava para um improvisado jantarinho especial.
Depois de muito pensar, decidi-me por um vestido castanho com brilhantes que tinha comprado nos saldos e que ainda não tinha usado por o decote infringir todas as regras de trânsito.
Vai daí, ele abre a porta e eu apareço-lhe naqueles preparos tentando não cair dos meus únicos sapatos stiletto (já têm 10 anos mas não se estragam porque nunca os uso mais que duas horas seguidas).
Mas, em vez das flores, o meu gajo trazia o quê?! Sim, isso mesmo, uma garrafa de vinho...

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