26 de outubro de 2007

Um sem-abrigo com consciência ecológica

Não era um pedinte qualquer. Aliás, nem sequer era um pedinte. Era um cidadão com consciência ecológica. Sentado no chão, na Rua Garret, no Chiado, o rapaz recortava com mão certeira latas de coca-cola, fanta, sumol, em engenhosas cadeirinhas e bem intrincados cinzeiros. Tinha escrito com caneta de feltro num bocado de cartão “Não se esqueça, recicle” e outra frase qualquer sobre o ambiente ou o aquecimento global.
- Quanto é que é? perguntei, divertida.
- Não é nada, isto é só mais para alertar… a ..a..consciência das pessoas.
- Ai é?, franzi o sobrolho, como quem diz, “hum…tem a certeza? Então não quer nada?”
- Oh, só se quiser dar uma contribuiçãozinha, é o que quiser, isto não vale nada…é a mensagem pela mensagem.
Como um sem-abrigo com miolos já não é um pedinte por muito sujinho que esteja e por muito arrastada que seja a voz de coitadinho, dei-lhe um euro por um cinzeiro novinho em folha. Quer dizer…novo não é, mas “o que importa é a mensagem pela mensagem”!

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