23 de outubro de 2007

O lápis azul, o tampax e a liberdade na Modas e Bordados dos anos 40


Capa da "Modas e Bordados, Vida Feminina", início da década de 40.

A histórica “Modas e Bordados” fez entre 1912 e 1977 a alegria das mulheres portuguesas das classes média e alta, que encontravam nela não apenas conselhos sobre as artes domésticas mas um espaço de alguma liberdade. A política também passou por ali, metida entre as receitas e dicas sobre saúde, dietas, modas e signos, poesia, contos e entrevistas a actrizes dos filmes do Vasco Santana ou a respeitáveis senhoras casadas que transmitiam a visão tradicional da mulher e a visão que se “deveria” ter do mundo. Surpreendeu-me que o Estado Novo considerasse necessário mandar ao lápis azul uma revista que nem sequer era vendida nas bancas mas como suplemento de um jornal, “O Século”, e que na aparência tratava de inofensivas “coisas de mulheres”. Afinal não seriam assim tão parvos…



Por outro lado... terem deixado passar este anúncio aqui em baixo é uma coisa espantosa. Será que perceberam?! (Esta revista é igualmente do início da década de quarenta)


Vale a pena clicar na foto para ler a mensagem publicitária. "Nem alfinetes, nem chumaços", "Tampax quere dizer...liberdade (em itálico no original)". Claro que deixar os "chumaços e os alfinetes" seria uma libertação para as mulheres. Noutro sentido, "liberdade" e "invisível" são as duas únicas palavras em itálico no anúncio. Muito provavelmente é coincidência, mas eu gosto de pensar que não é. Não sei se naquela altura já era assim, mas alguns anos mais tarde, "liberdade" foi uma palavra proibida até nas letras das canções.

2 comentários:

Anónimo disse...

Sim, eu, o emCostado, me confesso e vou seguir os conselhos da dra. Suzana César.

Anónimo disse...

Olha do que nos livrámos, "nem cintos, nem alfinetes, nem chumaços". Alfinetes????????!!!!!!!!!!!!!!!!! Provavelmente eram de dama, alfinetes de dama. Agora já percebo a designação. :)