8 de outubro de 2006
Sonhos molhados
O microfone a aparecer é que era escusado. Mas fora isso, tudo pode acontecer no filme “A senhora da água” que não parece estranho ou forçado. Logo ao início, torci o nariz. Então o gajo (o healer) mete-se dentro de água e vai por ali fora buscar o remédio sem lhe faltar o ar?! Ná... Mas, às tantas, o filme embala-me numa história de encantar e o céu podia cair-lhes em cima que eu já ia achar normal. Ou seja, eu sei que não pode ser, que na vida real não é assim, mas gosto de pensar que é ou que pode ser. E depois lembrei-me que era assim que me sentia quando ouvia as histórias de embalar ou de encantar contadas pelos meus mais velhos. A história da senhora da água (foi impressão minha ou ela começou por ser ruiva e no fim era loura?) acabou por ser acessória à verdadeira história de encantar do filme: o percurso do grupo de vizinhos que deu corpo ao sonho nocturno do realizador. E, como na maioria dos sonhos verdadeiros, lá estão as coisas do quotidiano à mistura com a satisfação de desejos inconfessáveis. Quem nunca teve vontade de deixar um irritante crítico de cinema à mercê de uma criatura raivosa de dentes aguçados que atire a primeira pedra!
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