29 de dezembro de 2007

There ain't no cure for love

I loved you for a long, long time
I know this love is real
It don't matter how it all went wrong
That don't change the way I feel
And I can't believe that time's
Gonna heal this wound I'm speaking of
There ain't no cure,
There ain't no cure,
There ain't no cure for love
I'm aching for you baby
I can't pretend I'm not
I need to see you naked
In your body and your thought
I've got you like a habit
And I'll never get enough
There ain't no cure,
There ain't no cure,
There ain't no cure for love

There ain't no cure for love
There ain't no cure for love
All the rocket ships are climbing through the sky
The holy books are open wide
The doctors working day and night
But they'll never ever find that cure for love
There ain't no drink no drug
(Ah tell them, angels)
There's nothing pure enough to be a cure for love

I see you in the subway and I see you on the bus
I see you lying down with me, I see you waking up
I see your hand, I see your hair
Your bracelets and your brush
And I call to you, I call to you
But I don't call soft enough
There ain't no cure,
There ain't no cure,
There ain't no cure for love

I walked into this empty church I had no place else to go
When the sweetest voice I ever heard, whispered to my soul
I don't need to be forgiven for loving you so much
It's written in the scriptures
It's written there in blood
I even heard the angels declare it from above
There ain't no cure,
There ain't no cure,
There ain't no cure for love

There ain't no cure for love
There ain't no cure for love
All the rocket ships are climbing through the sky
The holy books are open wide
The doctors working day and night
But they'll never ever find that cure,
That cure for love

Leonard Cohen

27 de dezembro de 2007

call girl


o cinema português tem muitos exemplos do que é mau cinema, filmes com péssimo som, imagem deprimente e, sobretudo, argumentos pobres.
ora, o filme que estreia hoje tem um bom argumento, actores a sério - incluindo a Soraia Chaves - e uma história com princípio, meio e fim que, apesar de ser ficção, é um reflexo mais do que espelho da sociedade portuguesa.
há ainda o bom gosto de antónio-pedro vasconcelos, quee fez um filme que não é pimba (com excepção do cartaz) nem intelectualóide e não se destina aos amigos.
sim, é verdade que filmes destes o cinema americano faz às dúzias e muito melhor.
mas no cinema português não.
nunca vi um filme português com tantos "foda-se" como este e a soraia chaves tem de facto tudo no sítio. mas isso são pormenores.

Uma colagem para quinta-feira



Gregory Tapper

Mais, do mesmo artista, aqui

23 de dezembro de 2007

Um Santo Natal e uma suculenta couve Penca






Mercearia na Rua Gomes Freire, sábado, 12:00. A velhota é “habituée”. A D. Lurdes, a merceeira, dá-me aquele levantar de sobrancelha de quando se percebe que o caldo está entornado… A velhota tinha entrado com ares de quem passou mal a noite, rugas amarrotadas e papos feios nos olhos. Mirei-a. Baixinha e redonda, sacode-se de um lado para o outro, não pára quieta. Remexe nas hortaliças, espreita o balde das azeitonas, apalpa as mangas do Brasil, chega uma Bravo Esmolfe ao nariz, tudo a enjoa, senta-se no banco de madeira, suspira, levanta-se e olha para o assento, tira um lenço e limpa-lhe a sujidade invisível com ar de nojo, volta a sentar-se, levanta-se outra vez, abre caminho impertinente até ao expositor da rua, entra na loja aos empurrões, traz laranjas e tangerinas, deposita-as no balcão, volta às hortaliças, baixa-se até aos pés e descobre uma couve Penca.
Não era de supor que uma velhota rabona (rabina velha há-de ser rabona, não?), com ar de quem passou mal a noite, beiça caída e extra-queixo por muitos e muitos anos a infernizar a vida aos outros, fizesse esta lida toda de bico calado, pois não?! Enquanto cirandava, espalhava o que hoje se diria má onda pela mercearia. E fez-se silêncio, porque o levantar de sobrancelha da merceeira foi o sinal de que se ia cantar o fado:
- Ai não me diga nada ó Lurdes, do Natal, eu não quero ouvir falar no Natal, não quero. O Natal, ora o Natal, o que é que tem o Natal? Antes de eu nascer já havia Natal! E eu já tenho …anos (tossiu e não se percebeu a idade, eu acho que foi de propósito, mas devia ter 60). O Natal…ãh, ãh (gagueja, irrita-se), eu sei o que é o Natal, é porcarias na televisão o dia todo.. (acalma-se e cala-se por um momento, foi a altura em que cheirou a maçã Esmolfe) hum, hum, sim eu sei muito bem o que é o Natal. Andam praí a dizer Bom Natal a torto e a direito e o Natal não é nada disto. É um dia como ós outros, sempre foi e há-de ser. É para comer com a família? Eu como com a família nos outros dias, ahã, (aclara a voz com uma tossidela). Calou-se e pensei que talvez já tivesse saciado as raivas. Mas foi quando se baixou e percebeu que ainda havia uma couve Penca (para mim era uma couve portuguesa e ponto final) esquecida no caixote das hortaliças, que se deu o milagre.
– Ai ó Lurdes, é Penca? A velhota, quando levantou a fronha, já era outra. Fez aquela pergunta com uma alegria tão genuína, com um tom de voz tão macio, até infantil, que deixei escapar uma gargalhada. Então era só isto que era preciso para acabar com aquela rabugice insuportável, uma couve?! Ri-me com vontade da natureza da vida e da gente. Olhou-me desconfiada e, eu, que não queria estragar-lhe o momento, disse não faça caso, achei graça ao nome da couve, não conhecia, mas se é assim boa também queria uma é pena já não haver. Acho que ela comeu a minha desculpa, porque à saída desejou-nos “um Santo Natal” e aí então é que foi, até a plácida D. Lurdes deixou ver um sorriso.

20 de dezembro de 2007

Rigoletto

La donna è mobile
Qual piuma al vento,
Muta d'accento — e di pensiero.
Sempre un amabile,
Leggiadro viso,
In pianto o in riso, — è menzognero.


La donna è mobile qual piuma al vento
Muta d'accento e di pensier!
e di pensier!
e di pensier!

A Orquestra Sinfónica Portuguesa a dar o seu melhor, o barítono a plenos pulmões, e na minha cabeça só se ouvia: "Luís, Luís, já foi a Paris, Luís, Luís, já foi a Paris"!!!

P.S. Adorei e voltarei

9 de dezembro de 2007

circo de rock n´roll


qual é a melhor coisa para uma tarde de domingo fastidiosa?
ir a um concerto dos xuutoooos! com circo.
o campo pequeno encheu para festejar os vinte anos do "circo de feras", mesmo numa matiné, e toda a gente cantou as músicas mais conhecidas.
fiquei de boca aberta a ver os miúdos a cantar aos berros "homem do leme", que os xutos tocaram em versão acústica, ou "contentores".
já para não falar de "minha casinha", que fica sempre para o fim, com toda a gente aos pulos.
mauzinho mesmo, escusavam de ter lá estado aquele parzinho acrobata com bolas, o coro gospel e as capas vampirescas que tim, zé pedro e cabeleira vestiram no arranque do espectáculo.

8 de dezembro de 2007

De manhã eu bou ao põm, a saquinha bai na mõm...




A ideia dos sacos de plástico foi uma invenção saudada como um sinal do progresso. Elogiaram-se as óbvias vantagens práticas e os super e os hiper tinham nos sacos uma publicidade gratuita. A mim dá-me jeito para forrar os caixotes do lixo. Mas posso bem passar sem eles. Agrada-me voltar aos sacos de pano que a minha avó usava nas compras na mercearia. Usados durante anos e repetidamente remendados. Ela não era activista ecológica e gostou quando nos supermercados lhe punham as compras em sacos de plástico. Eram de graça. Guardou apenas os sacos do pão, que continuou a levar à padaria todos as manhãs. Mas também isso foi abandonado quando o pão de Mafra e as vianinhas passaram a vir embaladas. Agora, quando em nome da consciência ecológica o Governo estuda a possibilidade de taxar os sacos de plástico nos hiper, e os próprios hiper decidem levar dois cêntimos por saco, não me chateia nada aderir à moda do saco de pano. Tenho que ir às gavetas mais esconsas da minha mãe procurar os sacos do pão que levei nas minhas primeiras idas às compras sozinha, armada em crescida. Lembro-me de padrões florais dos anos 60 e 70, formas e cores psicadélicas em pano de algodão. E sei que muitas raparigas prendadas da nossa praça se entretém a costurar sacos de pano bem coloridos. As minhas idas à mercearia vão passar a ser mais alegres. Não custa nada e é muito mais bonito. Tenho é que pensar com o que é que vou forrar os caixotes do lixo. Jornais?

1 de dezembro de 2007

Hip Hip...


O sítio chama-se Bengal Tandoori. Não é um nome que inspire a minha veia poética (sim, eu tenho uma ou duas veias poéticas) mas o certo é que foi naquele restaurante que quatro mulheres inspiradas decidiram construir uma casa para o encontro de imaginações e olhares sobre o que quer que lhes passasse pelas cabeças. Entretanto, já lá vai mais de um ano e muita água correu debaixo das pontes, embora uma ou duas de nós menos atreitas a frases feitas preferissem dizer que “muito tinto passou pelas nossas goelas”. Tinta Roriz, Touriga Franca, Mil-Diabos e Trincadeira alimentam esta casa since 16/09/2006. Foi a essa data e à amizade que brindámos ontem. Várias vezes.

P.S. Mil-diabos vai lá buscar uma ilustração daquelas giras alusivas ao tema fachavor.

assim, de repente, sobre quatro gajas giras e cheias de graça, só me lembrei desta.
mil-diabos