Que para defender a despenalização do aborto até às dez semanas entre os partidários do "não" e ser pelo menos ouvida tenha que ressalvar primeiro uma série de coisas:
1- Dizer que sou contra o aborto
2 - Jurar que nunca fiz
3- Jurar que nunca faria
4 - Justificar que apenas defendo o direito de escolher
5 - Dizer que percebo o "não"
6 - Ser "moderada"
Se não fizer estas ressalvas todas, passo a ser:
1 - Defensora do assassínio de inocentes
2 - Suspeita de ter assassinado
3 - Suspeita de possível assassínio futuro
4 - Acusada de querer "liberalizar" o assassínio
5 - Para sempre pervertida que vai parar ao Inferno
6 - Radical
Ora, eu não me apetece ressalvar coisa nenhuma porque defendo que:
1- Ninguém, a não ser a mulher, tem absolutamente nada a ver com a decisão última de abortar
2 - Ninguém, a não ser eu, tem nada a ver se abortei ou não
3 - Ninguém, a não ser eu, tem nada a ver se abortaria ou não
4 - Dizer que defendo o direito de escolher é redundante
5 - Dizer que "percebo" quem defende o "não" é indiferente
6 - Não há direitos "radicais" e direitos "moderados", do que se trata é o reconhecimento legal de um direito
Por isso, acho que vou imprimir isto e andar sempre com uma cópia no bolso até ao dia do referendo. Da próxima vez que um partidário do "não" quiser discutir o assunto comigo, vai ter que ler o papelito primeiro. É que sinceramente, não há paciência.
1 comentário:
No meio da zurrapa toda à volta do assunto, eis uma opinião encorpada e sem medo de adstringência.
E que vai mesmo bem com o meu paladar, que acho que o discurso """""pró-vida""""" costuma ser insípido e amargo como água-pé.
* (com carácter)
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