30 de novembro de 2006
O gato abre a janela e vôa toda a noite
Na impossibilidade de abrir a janela e voar a noite toda, o meu gato mia do outro lado da porta e eu tenho que decidir se vou dormir ou se vou para a sala dar-lhe atenção. Até o gato quer colo! E eu lembro-me do Stig Dagerman: “a nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer”. Por isso, mais vale ir dormir.
O quadro é do João Vieira e pertence a uma colecção privada qualquer, mas podem sempre tentar comprá-lo e surpreender-me este Natal.
29 de novembro de 2006
importa-se de repetir?
deixo já aqui expresso que este não é um post facilitista.
ontem recebi fotos maravilhosas sobre o meu país. todas de um país um bocado parolo.
mas esta não me saía da cabeça.
é tão ridícula, tão kitsch que não consigo vê-la como um acto tolo de algum engraçadinho.
é quase uma foto artística sobre portugal. uma instalação de arte.
imagino-a num formato 2 x 3 metros numa galeria.
ou mesmo em três dimensões, um galito empalhado ou de barro com uma trela ligada a uma casota de cão.
uma coisa ao jeito da joana vasconcelos, que cobriu cãezinhos de loiça em renda, fez um lustre gigante com tampões e encheu uma trotineta com nossas senhoras florescentes.
28 de novembro de 2006
26 de novembro de 2006
24 de novembro de 2006
22 de novembro de 2006
Que bonito!
Não dizia palavras,
Aproximava somente um corpo interrogante,
Porque ignorava que o desejo é uma pergunta
Cuja resposta não existe,
Uma folha cujo ramo não existe,
Um mundo cujo céu não existe.
Entre os ossos a angústia abre caminho,
Ergue-se pelas veias
Até abrir na pele
Jorros de sonho
Feitos carne interrogando as nuvens.
Um contacto ao passar,
Um fugidio olhar no meio das sombras,
Bastam para que o corpo se abra em dois,
Ávido de receber em si mesmo
Outro corpo que sonhe;
Metade e metade, sonho e sonho, carne e carne,
Iguais em figura, iguais em amor, iguais em desejo.
Embora seja só uma esperança,
Porque o desejo é uma pergunta cuja resposta ninguém sabe.
Luis Cernuda
Aproximava somente um corpo interrogante,
Porque ignorava que o desejo é uma pergunta
Cuja resposta não existe,
Uma folha cujo ramo não existe,
Um mundo cujo céu não existe.
Entre os ossos a angústia abre caminho,
Ergue-se pelas veias
Até abrir na pele
Jorros de sonho
Feitos carne interrogando as nuvens.
Um contacto ao passar,
Um fugidio olhar no meio das sombras,
Bastam para que o corpo se abra em dois,
Ávido de receber em si mesmo
Outro corpo que sonhe;
Metade e metade, sonho e sonho, carne e carne,
Iguais em figura, iguais em amor, iguais em desejo.
Embora seja só uma esperança,
Porque o desejo é uma pergunta cuja resposta ninguém sabe.
Luis Cernuda
21 de novembro de 2006
Benditas fotocópias
A inspecção-geral das actividades culturais andou à caça de fotocópias ilegais nas universidades e encontrou milhares de livros copiados, sobretudo livros técnicos das áreas de Direito, Medicina e Enfermagem.
Acho que só lá para o terceiro ano é que me dei conta que fotocopiar livros inteiros constituía crime. E foi por isso que deixei de ir à reprografia? Não. A biblioteca tinha os livros necessários mas quase sempre requisitados. A livraria tinha-os disponíveis, mas a bolsa que recebia (de 17 mil escudos em 1993) chegava para o passe, almoço, jornais e ...fotocópias. Acho que durante os quatro anos do curso comprei menos de dez livros e esses dez livros devem ter custado umas dezenas de contos. Havia que gerir a situação.
Sobre esta realidade, imagino que idêntica à de milhares de estudantes mais de dez anos depois, a inspectora contactada pelo JN diz o seguinte:
"Os parques das faculdades estão cheios de automóveis". Só à estalada.
Acho que só lá para o terceiro ano é que me dei conta que fotocopiar livros inteiros constituía crime. E foi por isso que deixei de ir à reprografia? Não. A biblioteca tinha os livros necessários mas quase sempre requisitados. A livraria tinha-os disponíveis, mas a bolsa que recebia (de 17 mil escudos em 1993) chegava para o passe, almoço, jornais e ...fotocópias. Acho que durante os quatro anos do curso comprei menos de dez livros e esses dez livros devem ter custado umas dezenas de contos. Havia que gerir a situação.
Sobre esta realidade, imagino que idêntica à de milhares de estudantes mais de dez anos depois, a inspectora contactada pelo JN diz o seguinte:
"Os parques das faculdades estão cheios de automóveis". Só à estalada.
20 de novembro de 2006
r t p = raios te partam
fico doente com a programação da rtp.
eu sei que não devia deixar que estas coisas frívolas e estupidificantes me deixassem influenciar, mas é mais forte do que eu.
como é que é possível que aquelas cabeçinhas, pagas para pensar boa televisão, dedicam mais de duas horas a um programa da treta como "prós e contras", que muitas vezes não tem nem prós nem contras, e programam o cinema português para a madrugada?
pelo que vi da programação, parece que esta semana a rtp irá exibir alguns filmes do fonseca e costa, a propósito da estreia no cinema de "viúva rica solteira não fica".
ontem passou "kilas, o mau da fita", que é raríssimo passar na tv e, segundo consta, é dificil de arranjar uma cópia para exibição.
hoje passa "sem sombra de pecado".
passa às 01:45, porra.
isto é hora de passar cinema português?!
a mesma rtp (já nem falo na sic e na tvi que põe óptimas séries também ao começo da madrugada) programou para quarta-feira uma nova série de ficção - anatomia de grey - à mesma hora em que decorre na 2: a viciante série 24.
a rtp é concorrente da 2:?
serão cegos? "bomitam monelhos de cavelos"?
pronto, sinto-me um nada mais leve por ter partilhado isto.
eu sei que não devia deixar que estas coisas frívolas e estupidificantes me deixassem influenciar, mas é mais forte do que eu.
como é que é possível que aquelas cabeçinhas, pagas para pensar boa televisão, dedicam mais de duas horas a um programa da treta como "prós e contras", que muitas vezes não tem nem prós nem contras, e programam o cinema português para a madrugada?
pelo que vi da programação, parece que esta semana a rtp irá exibir alguns filmes do fonseca e costa, a propósito da estreia no cinema de "viúva rica solteira não fica".
ontem passou "kilas, o mau da fita", que é raríssimo passar na tv e, segundo consta, é dificil de arranjar uma cópia para exibição.
hoje passa "sem sombra de pecado".
passa às 01:45, porra.
isto é hora de passar cinema português?!
a mesma rtp (já nem falo na sic e na tvi que põe óptimas séries também ao começo da madrugada) programou para quarta-feira uma nova série de ficção - anatomia de grey - à mesma hora em que decorre na 2: a viciante série 24.
a rtp é concorrente da 2:?
serão cegos? "bomitam monelhos de cavelos"?
pronto, sinto-me um nada mais leve por ter partilhado isto.
só para lembrar
que a raparigada aqui do blogue não se alimenta só de vinho vindo do baguinho.
"Deve-se estar sempre embriagado.
Nada mais importa.
Para que o horrível fardo do tempo não vos pese sobre os ombros e vos faça pender para a terra, deveis embriagar-vos sem cessar.
Mas de quê?
De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha.
Mas embriagai-vos!
E se um dia, nos degraus de um palácio, na erva verde de uma valeta, na solidão baça do vosso quarto, acordardes, já sóbrios, perguntai ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai:
"Que horas são?"
E o vento, a onda, a estrela, a ave, o relógio, responder-vos-ão:
"São horas de vos embriagardes!".
Para que não sejais uns escravos martirizados do tempo, embriagai-vos sem cessar.
De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha".
charles baudelaire
"Deve-se estar sempre embriagado.
Nada mais importa.
Para que o horrível fardo do tempo não vos pese sobre os ombros e vos faça pender para a terra, deveis embriagar-vos sem cessar.
Mas de quê?
De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha.
Mas embriagai-vos!
E se um dia, nos degraus de um palácio, na erva verde de uma valeta, na solidão baça do vosso quarto, acordardes, já sóbrios, perguntai ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai:
"Que horas são?"
E o vento, a onda, a estrela, a ave, o relógio, responder-vos-ão:
"São horas de vos embriagardes!".
Para que não sejais uns escravos martirizados do tempo, embriagai-vos sem cessar.
De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha".
charles baudelaire
pára tudo
segundo o ine, é esperada uma quebra da graduação alcoólica da colheita deste ano, porque as vindimas foram feitas com condições climatéricas adversas.
no entanto, as previsões continuam a apontar para uma produção de qualidade, de 6.786 mil hectolitros, abaixo dos 6.996 mil da campanha anterior.
no entanto, as previsões continuam a apontar para uma produção de qualidade, de 6.786 mil hectolitros, abaixo dos 6.996 mil da campanha anterior.
17 de novembro de 2006
Faz-me confusão
Que para defender a despenalização do aborto até às dez semanas entre os partidários do "não" e ser pelo menos ouvida tenha que ressalvar primeiro uma série de coisas:
1- Dizer que sou contra o aborto
2 - Jurar que nunca fiz
3- Jurar que nunca faria
4 - Justificar que apenas defendo o direito de escolher
5 - Dizer que percebo o "não"
6 - Ser "moderada"
Se não fizer estas ressalvas todas, passo a ser:
1 - Defensora do assassínio de inocentes
2 - Suspeita de ter assassinado
3 - Suspeita de possível assassínio futuro
4 - Acusada de querer "liberalizar" o assassínio
5 - Para sempre pervertida que vai parar ao Inferno
6 - Radical
Ora, eu não me apetece ressalvar coisa nenhuma porque defendo que:
1- Ninguém, a não ser a mulher, tem absolutamente nada a ver com a decisão última de abortar
2 - Ninguém, a não ser eu, tem nada a ver se abortei ou não
3 - Ninguém, a não ser eu, tem nada a ver se abortaria ou não
4 - Dizer que defendo o direito de escolher é redundante
5 - Dizer que "percebo" quem defende o "não" é indiferente
6 - Não há direitos "radicais" e direitos "moderados", do que se trata é o reconhecimento legal de um direito
Por isso, acho que vou imprimir isto e andar sempre com uma cópia no bolso até ao dia do referendo. Da próxima vez que um partidário do "não" quiser discutir o assunto comigo, vai ter que ler o papelito primeiro. É que sinceramente, não há paciência.
1- Dizer que sou contra o aborto
2 - Jurar que nunca fiz
3- Jurar que nunca faria
4 - Justificar que apenas defendo o direito de escolher
5 - Dizer que percebo o "não"
6 - Ser "moderada"
Se não fizer estas ressalvas todas, passo a ser:
1 - Defensora do assassínio de inocentes
2 - Suspeita de ter assassinado
3 - Suspeita de possível assassínio futuro
4 - Acusada de querer "liberalizar" o assassínio
5 - Para sempre pervertida que vai parar ao Inferno
6 - Radical
Ora, eu não me apetece ressalvar coisa nenhuma porque defendo que:
1- Ninguém, a não ser a mulher, tem absolutamente nada a ver com a decisão última de abortar
2 - Ninguém, a não ser eu, tem nada a ver se abortei ou não
3 - Ninguém, a não ser eu, tem nada a ver se abortaria ou não
4 - Dizer que defendo o direito de escolher é redundante
5 - Dizer que "percebo" quem defende o "não" é indiferente
6 - Não há direitos "radicais" e direitos "moderados", do que se trata é o reconhecimento legal de um direito
Por isso, acho que vou imprimir isto e andar sempre com uma cópia no bolso até ao dia do referendo. Da próxima vez que um partidário do "não" quiser discutir o assunto comigo, vai ter que ler o papelito primeiro. É que sinceramente, não há paciência.
16 de novembro de 2006
adoro este t i p o
como estou numa de revelar gostos pessoais, aqui vai:
adoro este gajo.
o da esquerda, claro.
parece que vai dar a voz ao "pálido", um ex-rato albino de laboratório que entra em "por água abaixo".
o filme de animação é uma parceria entre a dreamworks e a aardman (a do wallace and gromit).
e vai daí, gosto do bill nighy, mesmo com tentáculos.
agora, porque é que eu gosto dele, isso já não interessa nada, claro.
14 de novembro de 2006
a estalarem cinzentas na brasa
apeteceu-me este título porque as castanhas rimam com carlos do carmo.
mas também podia ser "um flash do quotidiano".
rapaz bem posto, óculos escuros, ténis da moda, vende quentes e boas à porta do colombo num bancada como todas as outras e debaixo de um guarda-sol.
tudo normal ate aqui.
mas,
a banca das castanhas, toda vermelha pai-natal, diz: "momentos vodafone".
até o papel de enrolar em canudo é vermelho e diz "vodafone".
até a camisola do rapaz todo bem posto é vermelha e diz "vodafone".
será que pela compra das castanhas tenhos chamadas grátis?
hum?
vi isto, reparem bem, no dia em que a vodafone anuncia que:
nos primeiros seis meses deste ano, a empresa conseguiu 305 mil novos clientes, atingindo uma quota de mercado de novos clientes de 52 por cento.
now
mas também podia ser "um flash do quotidiano".
rapaz bem posto, óculos escuros, ténis da moda, vende quentes e boas à porta do colombo num bancada como todas as outras e debaixo de um guarda-sol.
tudo normal ate aqui.
mas,
a banca das castanhas, toda vermelha pai-natal, diz: "momentos vodafone".
até o papel de enrolar em canudo é vermelho e diz "vodafone".
até a camisola do rapaz todo bem posto é vermelha e diz "vodafone".
será que pela compra das castanhas tenhos chamadas grátis?
hum?
vi isto, reparem bem, no dia em que a vodafone anuncia que:
nos primeiros seis meses deste ano, a empresa conseguiu 305 mil novos clientes, atingindo uma quota de mercado de novos clientes de 52 por cento.
now
3 de novembro de 2006
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