11 de julho de 2007
Ai qu`eu morro óstrufiada!
“Óstrufiada” é uma palavra nova, inventada por uma cigana aflita com o calor do meio-dia no mercado da Boa-Hora. O vocábulo nasceu há poucos dias e não será imortalizado em dicionários da Língua Portuguesa. Mas era a altura certa para nascer e a mulher que o proferiu tinha as suas razões. As palavras novas tem sempre as suas razões. Eu, que lá fui de passagem, registei-a. O grito que lhe saiu da garganta, quase cantado, era uma queixa banal e consensual. Está calor, o mercado está cheio de gente, há pouca ventilação... é normal que se queixem do calor. Mas, “óstrufiada” não é qualquer um que inventa. A cigana não foi à escola, como é normal acontecer com as mulheres ciganas. E atrapalhou-se? Não. Encheu o peito, abriu a boca e gritou ... "a gente aqui morre óstrufiada com o calor". Nós rimos muito. Gargalhadas e tudo. Tivemos anedota para o resto do dia. Rimos tanto que até sufocámos, por pouco não morríamos... "óstrufiados" com o riso. E a palavra ficou. Já não morre. Por isso, o seu a seu dono. "Óstrufiado" é um vocábulo novinho em folha, nasceu há poucos dias no mercado da Boa-Hora, freguesia da Ajuda, da fúria encalorada de uma mulher aflita com o calor.
2 comentários:
E vingará? Quantos outros neologismos não morreram óstrufiados antes de se conseguirem disseminar?...é preciso desostrufiar e as laringes, enchê-las e espalhar a boa nova da Boa-Hora.
Eu a esta hora já desostrufiava era as espetadas que tenho lá em casa para grelhar.
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