24 de outubro de 2006

i´m speechless

vejam ISTO, senhores e senhoras.

22 de outubro de 2006

importa-se de repetir?

parece que agora chamar cromo a alguém é o mesmo que o insultar de filho da puta ou cabrão.
estamos bem, estamos. tss, tss.

19 de outubro de 2006

É um facto científico que os neurónios se vão em grandes quantidades a cada dia que passa. Querem ver?

Fui ao teatro para me cultivar e posso dizer que valeu a pena.
O actor tinha uns pés lindíssimos. Uns pés de encher o olho. É impressão minha ou os homens raramente apresentam uns pés decentes? Houve outra coisa que me tocou naquela peça. Lá pelo meio o actor começou a dizer um poema do Beckett. Em inglês. E posso garantir que a palavra “open” nunca tinha sido assim proferida. Oppeen: o O é um murmúrio suave, o P é um sopro de cinza quente, o E as asas de uma borboleta colorida, o N…a vibração das cordas de uma harpa tocada num anfiteatro vazio.
Eu gosto muito de ir ao teatro. O teatro é uma coisa muito bonita. Todos os actores (the male ones) com pés bonitos deviam subir descalços ao palco. E todos deviam dizer a palavra “open” daquela maneira.

18 de outubro de 2006

Primeiros dias de Outono em Sintra


"Cortesia" Manuel de Almeida, Lusa

A publicidade que fazia falta

Com quem saíste, com quem bebeste, com quem falaste, com quem casaste, a quem mentiste, a quem roubaste, com quem sonhaste, com quem sofreste, quanto recebeste, a quem lixaste, com quem f*****, com quem gostaste? Estas e outras perguntas engraçadas disponíveis a partir de agora no seu telemóvel. Um serviço TNT, para respostas explosivas, para pessoas verdadeiras.

13 de outubro de 2006

o mais pequeno conto de fadas do mundo

Era uma vez um rapaz que perguntou a uma linda rapariga:
- Queres casar comigo?
Ela respondeu:
- Não!
E o rapaz viveu feliz para sempre, foi pescar, jogou futebol, papou resmas de gajas, visitou muitos lugares, estava sempre a sorrir e de bom humor, nunca lhe faltava dinheiro, bebia cerveja com os amigos sempre que estava com vontade e ninguém mandava nele.
A rapariga teve celulite, varizes, os peitos caíram e ficou sozinha.

fim?
alguém se chega a frente para acrescentar alguma coisa?

12 de outubro de 2006

"Sou portuguesa"

"Sou portuguesa", informa a mendiga num pequeno cartaz colocado estrategicamente junto do prato das esmolas. Quem desce as escadas do metropolitano do Marquês de Pombal (do lado da Alexandre Herculano) não pode deixar de estranhar esse pormenor de inovador marketing mendigueiro. Estou a imaginar a velhinha em pleno "brainstorming": "mas como é que eu saco mais umas àqueles burgueses?" Eu percebo. Com tanta concorrência pedincheira na cidade, é preciso adaptar a mensagem ao público alvo e com a crise que aí anda impõe-se alguma criatividade. Mas, no meu caso, os trocos não duram muito tempo nos bolsos. Sou, por assim dizer, o alvo ideal dos típicos mendigos da nossa praça. Não complico, não peço explicações. Um olhar de fome, verdadeiro ou fingido, um "ajude-me por favor" ou até uma simples mão estendida bastam. Por isso, não sei o que hei-de fazer em relação àquela mendiga que diz que é portuguesa. Será que é a minha moeda que ela quer? O que é que quer dizer com isso?!
Depois de umas noites mal dormidas a pensar neste assunto importantíssimo, cheguei a uma hipótese explicativa. "Então não querem lá ver a velha xenófoba a apelar ao racismo portuga?!" E decidi que do meu bolso não levava mais nada. Porque eu não sou esquisita mas tenho alguns limites. Só dias depois percebi o real alcance daquele "sou portuguesa" e fiquei com tanta pena da velha que só não chorei porque já não tinha trocos para os lenços de papel (foram todos direitinhos para o prato da mendiga). Já não lhe bastava ser pobre e velha, tinha que ter o azar supremo de ser pobre e velha e ter nascido em Portugal. Não há coração duro que resista, tem toda a minha solidariedade.

10 de outubro de 2006

um flash do subúrbio



uma procissão de velas passou na rua onde moro.
não tocaram os sinos nem houve rosmaninho e alecrim pelo chão.
mas a comandar a procissão ia um carro com um megafone ligado a umas colunas a debitar um pai-nosso-que-estais-no-céu.

8 de outubro de 2006

Sonhos molhados

O microfone a aparecer é que era escusado. Mas fora isso, tudo pode acontecer no filme “A senhora da água” que não parece estranho ou forçado. Logo ao início, torci o nariz. Então o gajo (o healer) mete-se dentro de água e vai por ali fora buscar o remédio sem lhe faltar o ar?! Ná... Mas, às tantas, o filme embala-me numa história de encantar e o céu podia cair-lhes em cima que eu já ia achar normal. Ou seja, eu sei que não pode ser, que na vida real não é assim, mas gosto de pensar que é ou que pode ser. E depois lembrei-me que era assim que me sentia quando ouvia as histórias de embalar ou de encantar contadas pelos meus mais velhos. A história da senhora da água (foi impressão minha ou ela começou por ser ruiva e no fim era loura?) acabou por ser acessória à verdadeira história de encantar do filme: o percurso do grupo de vizinhos que deu corpo ao sonho nocturno do realizador. E, como na maioria dos sonhos verdadeiros, lá estão as coisas do quotidiano à mistura com a satisfação de desejos inconfessáveis. Quem nunca teve vontade de deixar um irritante crítico de cinema à mercê de uma criatura raivosa de dentes aguçados que atire a primeira pedra!

5 de outubro de 2006

world press photo

porque este ano não vou ao ccb ver a world press photo, aqui ficam três fotos um bocadinho menos chocantes.

a primeira é de Shayne Robinson.
A young dancer exercises at the barre during a ballet class in Alexandra township outside Johannesburg, South Africa.

a segunda é de Asa Sjostrom.
Sixteen-year-old dance students go through their exercises at the Theater of Opera and Ballet School in Chisinau, Moldova. Many young people see ballet as a means to wealth and foreign travel.

a terceira é de Michael Wirtz.
An elderly woman takes a closer look at a ‘Mae West Lips Sofa' and a ‘Lobster Telephone' at the Salvador Dalí exhibition at the Philadelphia Museum of Art in the USA in February.

parece que as fotos estão todas aqui.

3 de outubro de 2006

querido vítor sobral

eu já te tinha nas minhas graças, mas agora estás nos píncaros.
Segundo a imprensa de hoje, foste a espanha e ganhaste um concurso mundial de receitas de arroz com um arroz de cabidela, feito com as galinhas da tua mãe e polvilhado com carqueja.
Até tenho uma lágrima a querer aparecer e a boca a secar-me de desejo.
Que saudades do arroz de cabidela da minha avó feito numa panela de ferro de três pernas e num lume de lenha.
parece que lhe estou a sentir o cheiro.
Um avé para ti querido sobral.

beat da caixa de esmolas

há anos que não o via.
lembro-me perfeitamente dos olhos baços e cobertos por um manto branco, do corpo magro e curvado. mas não me recordo do que ele fazia para conquistar uns trocos.
voltei a vê-lo esta semana e lá estavam os mesmo olhos baços.
mas o que me chamou a atenção - a mim e a toda a gente que estava na carruagem - foi o ritmo com que ele batia com um pedaço de metal na caixa de esmolas de madeira e no pau de vassoura que servia de guia.
pum-tchi-ca-pum-pum-ca-pum-tchi-ca-pum.
e de tantas vezes dizer a mesma frase, aquilo já saía em jeito de rap. era qualquer coisa do género:
há algum cavalheiro ou senhora que tenha a possibilidade de me auxiliar.
pum-tchi-ca-pum-pum-pum-tchi-ca-pum-pum-pum.

1 de outubro de 2006

ai catarina...

com o ar a encher-se do cheiro a água fria, uma memória gustativa e olfativa a guardar no baú do Verão, ao pé dos búzios e da pedra bonita daquela praia: Catarina - Branco, da península de Setúbal.
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